Falar sobre música nos remete ao significado
de arte e por intermédio dessa expressão visualizamos alguém tocando um
instrumento ou em um conjunto como em uma orquestra ou até mesmo em uma banda,
de uma pessoa cantando, de um DJ. mixando sons diversos, a música não é algo
concreto, mas é composta pela junção de várias notas sonoras, sons diversos,
ruídos e silêncios (pausas) e que no entanto temos a habilidade de ouvi-la e
senti-la.
J. Reis
Gomes (Apud
Leinig, 1977), nos diz que a arte não visa o espírito dos sábios, mas a
alma de toda a humanidade demonstrada por intermédio da música, que é uma
constante na vida do homem e tão antiga quanto à humanidade há uma atribuição
de qualidade específica no campo da religião, da cultura, da medicina e no meio
social.
Bruscia relata que a música é uma instituição
humana na qual os indivíduos criam significação e beleza através do som,
utilizando as artes da comunicação, da improvisação, da apresentação e da audição.
A significação e da beleza derivam-se das relações intrínsecas criadas entre os
próprios sons e das relações extrínsecas criadas entre os sons e outras formas
de experiência humana. (Bruscia, 2000)
Por outro lado, a música produz efeitos em
quase todos os humanos ao ressonar com os ritmos do indivíduo. Nossos ritmos
inatos, pulsação cardíaca, por exemplo, produzem uma sonorização interna
individual. Desta forma a musica apresenta-se como uma expressão singular em
sua dupla dimensão externa e interna. Com essa singularidade, potenciais
criativos podem ser desenvolvidos através da linguagem sonora,
reestruturando-se a subjetividade, a autoestima, a autonomia e a cidadania.
Estabelecendo, ainda, significações aos canais de comunicação e um maior
contato com a realidade, o que auxilia nas mudanças e desvia o pensamento
perturbado dos que estão em sofrimento psíquico.
Desde os primórdios a música já desempenhava um papel
de importância em relação ao tratamento de muitas doenças para os gregos. Na
antiguidade, Platão, um filosofo grego, afirmava que uma receita medicinal
deveria ser acompanhada com música para a saúde da mente e do corpo para vencer
as angustias fóbicas. Aristóteles realizava uma catarse (karthasis...)
emocional, vivenciada através da música, para beneficiar os efeitos nas emoções
incontroláveis. Sendo reconhecido atualmente um dos precursores da
Musicoterapia.
Com os adventos da ciência pós 2º Guerra Mundial as
pesquisas sobre os efeitos da música vem nos mostrando o que realmente os
elementos sonoros propõem reduzir e transformar os sintomas que são causados
aos que vivem em sofrimento ou até mesmo para prevenir doenças. A música verdadeiramente gera algo na saúde física, psíquica, mental,
emocional, seja de bem estar
ou não, o qual mobiliza o sujeito
para algo transformador seja de desorganização como uma organização do EU.
Sabemos por experiência própria que a música por si só
evoca uma grande variedade de emoções, culturas, questões psíquicas, no
contexto social em que o individuo está inserido, considerando que o som
resulta de duas atuações: uma a nível físico, que corresponde ao estado de
vibração das moléculas de um corpo e outra, a nível perceptivo e gnósico, que
resulta da vibração sonora no órgão sensorial e suas áreas de projeção e
associação ao córtex cerebral (Correia, 1997). Demonstrando que o sujeito mesmo gostando ou não gostando do que está
ouvido responde a uma reação seja de forma subjetiva e fisiológica.
Os
filósofos Deleuze e Guattarri falam a respeito de territorialização e da
desterritorialização e que a música proporciona este papel ao sujeito, um ritmo,
um tempo, uma repetição de um som, uma harmonia, uma melodia, uma pausa, visto
que, o sujeito é um ser musical dos seus próprios territórios das suas
experiências, assumindo características intimamente novas ao estar no papel do
conteúdo sonoro da apresentação de si “O
som nos invade, nos empurra, nos arrasta, nos atravessa. Ele deixa a terra, mas
tanto para nos fazer cair num buraco negro, quanto para nos abrir a um cosmo. [...]
Tendo a maior força de desterritorialização, ele opera também as mais maciças
reterritorializações, as mais embrutecidas, as mais redundantes. Êxtase e
hipnose”.
Segundo Dr. Tartchanoff (Apud Tame, 1984),
os efeitos dos estímulos sonoros sobre os músculos do esqueleto podem afetar de
duas maneiras distintas: agindo diretamente sobre as células e órgãos e,
indiretamente, sobre as emoções, influenciando numerosos processos corporais,
exercendo poderosa influência sobre a atividade muscular, que aumenta ou
diminui de acordo com o caráter das melodias empregadas.
As vibrações percebidas são capazes de estimular o
sistema auditivo para decodificar tons, ritmos e timbres de diversos
instrumentos, sendo também capazes de medir a quantidade de energia obtida em
um som, primeiramente pelo ouvido externo, ouvido médio e, depois, pelo ouvido
interno, como sinais eletroquímicos seguindo, pelo nervo auditivo até o córtex
auditivo, transmitindo a intensidade sonora na freqüência que é percebida e
traduzida pelos neurônios. Outras estimulações acontecem, produzidas pelas
vibrações, que passam pela pele, músculos e ossos, por meio de receptores, como
os mecanorreceptores. São estímulos mecânicos contínuos ou vibratórios, que
veiculam a modalidade somestésica da percepção, com suas diferentes
submodalidades, como os receptores auditivos, sendo a intensidade sonora
transmitida na freqüência que é percebida e traduzida. Daí em diante a
informação auditiva entrará no SNC, passando através de sucessivas sinapses,
por uma série de núcleos, até chegar ao córtex cerebral, lobo temporal, lobo
parietal, amígdala, hipotálamo, tálamo, sistema límbico (Ribas, 1957; Skille e
Wigram, 1995; Kandel, Schwartz e Jessel, 1997; Cohen, 2001; Lent, 2005).
As regiões corticais e subcorticais, situadas nos
setores mediais do encéfalo, demonstram que a música é ativada nas regiões do
tálamo e do sistema límbico, destacando a importância das conexões que mantêm
com o hipotálamo, juntamente com a área pré-frontal, onde há uma regulação dos
processos motivacionais, como coordenador e integrador dos processos
emocionais, sensações e sentimentos (Kandel, Schwartz & Jessel, 1997;
Lent, 2005; Petersen, 2005).
A música alem de ser uma arte ela é do mesmo modo uma ciência, a qual esta ciência inclusive pode ser utilizada como terapia, que é a MUSICOTERAPIA.
Falaremos mais sobre a Musicoterapia e seus tratamentos!
Referencia
Bibliográfica
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